Edição Jorlis, Edições e Publicações, Lda
Dezembro de 1999
Em Timor, Timor Lorosae
Pedro de Castro Lis
I
Vejo
rostos cansados
sulcados
por lágrimas sem sal
abandonados
casados
com provação.
Futuros
confinados
entre montes
de escassos
horizontes
sem família
sem pão.
Vejo
Irmãos a morrerem
sob a ira inclemente
naquele ermitério
de solidão
sós, impotentes
de não terem casa
para terem nação.
Irmãos a fugir
subir pedra a pedra
pelo verde musgo
de que são vestidas
sedentos da água
das lágrimas vertidas
sempre persistentes
sempre sem mágoa.
Irmãos a descer
em busca da pátria
em confiança
e com esperança.
Irmãos alcançarem
com cósmica energia
o sonho da partida
no próprio encontro
no cimo da descida.
Na direcção da autora
Doutro novo dia
II
O que se verá
a partir de agora?
Incógnitos futuros
entre montes e mar
daqueles irmãos
sempre a lutar…
Sós, porém imbuídos
da firme certeza
que lhes restará para sempre
a língua portuguesa
Obscuros mistérios
que se devem sondar:
- Advirão sortilégios?
- Advirão refrigérios?
Responde-se que sim;
- se se buscar o sol
- se se salvar o amor
O Sol nascerá
e mais ninguém morrerá
Na querida Timor
Em Timor Lorosae
9 de Outubro de 1999
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